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23 Jan, 2017

Novo modelo económico?

É a oferta, estúpido.

O país precisa de um novo modelo de desenvolvimento. Esta é provavelmente a frase que reúne maior consenso entre os analistas que acompanham a economia portuguesa. Percebe-se porquê.

Nos últimos anos, o crescimento do país assentou no consumo privado e público, do lado da procura, e na mão-de-obra barata, do lado da oferta.

Como somos uma pequena economia aberta ao exterior, grandes dinamismos da procura interna sem uma adequada resposta da oferta nacional acabam por degenerar num crescimento muito forte das importações não compensado pelo aumento das exportações.

Do lado da oferta, a solução exige um novo modelo de desenvolvimento, que aumente a competitividade das empresas nos mercados internacionais.

Empresas mais competitivas não só exportam mais como substituem importações. O problema é que não se aumenta a competitividade das empresas de um dia para o outro.

Solução?

Modernizar o tecido produtivo, melhorar as políticas públicas, a organização e os métodos de gestão das empresas e o nível da mão-de-obra, condições indispensáveis para passar de um modelo de crescimento baseado em actividades de baixa qualificação e reduzido valor acrescentado para outro assente na inovação e conhecimento geradores de elevado valor acrescentado, é um processo lento.

Dito de outra forma devemos estar preparados para um período de crescimento lento nos anos mais próximos.

E os mais apressados que não se iludam. Em especial os que acreditam que uma política orçamental expansionista poderia mudar alguma coisa.

O problema português é de oferta não de procura. Por isso aumentar as despesas públicas ou baixar dos impostos como forma de estimular o crescimento não é o caminho.

Em especial o aumento das despesas. Como demonstra a história económica recente atirar mais dinheiro para cima dos problemas não é uma fórmula de os resolver, antes pelo contrário.

Baixar impostos, sim, desde que seja possível uma redução de despesas públicas de montante mais ou menos equivalente, para não deixar derrapar o défice orçamental.

O argumento é simples. O aumento da dívida pública acaba por ser contraproducente, porque conduz, mais tarde ou mais cedo, à subida das taxas de juro. Dinheiro mais caro penaliza o investimento e com ele a taxa de crescimento potencial da economia.

Artigo adaptado do original publicado em 2006 na revista comemorativa dos 10 anos da Mercal.

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